Editorial – Boletim “Petroleiros da Amazônia” 02/2021 – 12 de março
Após a renúncia de quatro membros do Conselho de Administração (CA) da Petrobras (02/03), o governo federal indicou seis membros para o órgão. Destes, metade é formada por oficiais da reserva e não tem qualquer experiência anterior na área.
Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo de 06/03, “quando o general Joaquim Silva e Luna assumir a presidência da Petrobras, (…) Serão 92 cargos de comando ocupados por representantes das Forças Armadas” – aumento de 10 vezes do total do fim do governo Temer.
A Petrobras e categoria petroleira tem em sua história diversos episódios de relação com o setor militar do país, pela inevitável associação entre a importância estratégica do setor petróleo e os interesses nacionais.
Na campanha “O Petróleo é Nosso”, houve participação de militares nacionalistas como Felicíssimo Cardoso, conhecido como “O General do Petróleo”.
Com golpe de 1964 e a ditadura, ainda que tenha havido investimento na empresa, fomos uma das categorias mais atacadas. Demissões, torturas, prisões e destituição de mandatos de diretorias sindicais, com sua substituição por dirigentes biônicos (interventores) – conhecidos como “pelegos”.
Neste período, foram proibidas as greves e mobilizações, levando a uma forte desvalorização salarial (“arrocho”). No governo do ditador Geisel, foram lançados os “contratos de risco”, que abriram por 13 anos (1975-1988) a exploração de campos de petróleo por transnacionais.
Hoje, vemos com pesar o papel da cúpula das forças armadas em aliar-se com um governo entreguista dos recursos naturais e subserviente ao imperialismo. Defendemos, ao contrário, o retorno do monopólio para uma Petrobras 100% estatal e retomada das subsidiárias privatizadas!