A negligência da direção da UN-AM com a saúde e a vida da categoria que o Sindipetro vinha denunciando fez a situação retornar a um quadro dramático. Infelizmente, Urucu volta a ter um surto de Covid-19, em consonância com a tragédia da “segunda onda” da pandemia no estado do Amazonas – que atingiu em janeiro o pior número de casos, internações e mortes desde o início da crise sanitária. O negacionismo bolsonarista está instalado na Petrobras.
Na reunião da última quinta-feira (04/02), o representante da EOR local se negou a informar oficialmente o número de desembarcados na semana e quantos deles tiveram resultado positivo em seus testes. Desde o início dos fóruns de discussão (em abril de 2020), este dado vinha sendo apresentado semanalmente. No entanto, há três reuniões, após a recente alta de casos, esta informação “sumiu” das apresentações. O sindicato tem sido informado sobre desembarques de sintomáticos e contatantes já na casa de dezenas, enquanto a UN-AM fala em “média” de 14 ou 15. A quem interessa esconder da categoria a situação real em Urucu?
A urgente redução do efetivo para o patamar atingido em maio de 2020 (400 pessoas embarcadas) é cada vez mais urgente. A gerência da unidade, no entanto, se nega a tomar esta medida para manter atividades não essenciais como construção de ponte e reparos em estradas, por exemplo, na ânsia de “deixar a casa arrumada” para Eneva no escandaloso processo de privatização em marcha.
O resultado deste excesso de contingente na planta leva a situações de alto risco de transmissão do coronavírus como o compartilhamento de banheiros, aglomerações no refeitório, falta de disponibilização de máscaras adequadas (padrão N95/PFF2) para todos(as) em substituição às atuais, de pano – entre outras situações já denunciadas pelo Sindicato.
A EOR vem jogando a responsabilidade sobre parte das decisões para o setor médico, o qual vem liberando embarque de trabalhadores(as) que apresentam IgM e IgG positivos nos testes rápidos pré-embarque. Os(as) profissionais de saúde que estão atuando no combate à pandemia na Petrobras e no sistema hospitalar tem o total respeito e admiração da categoria. Porém não podemos ser coniventes com atitudes temerárias num quadro tão grave como estamos vivendo. Se não forem revistos os protocolos formalizaremos denúncia junto a órgãos fiscalizadores como os Conselhos Regionais e Ministério Público para que apurem responsabilidades na gestão da pandemia. Também exigimos exames PCR para todos(as) no desembarque, de modo a certificar que no retorno as famílias sejam preservadas de potencial infecção por Covid trazida do ambiente de trabalho.
Dada a alarmante situação a que chegamos, o Sindicato cobrou também que a AMS cubra, sem coparticipação, testes PCR para toda a categoria antes do embarque. No caso de quem reside fora de Manaus, em suas cidades de origem. E para quem reside na capital amazonense, quarentena em hotel para garantia de embarque seguro. Caso haja bloqueio no teste rápido pré-embarque, é preciso encaminhar para a realização de teste sorológico.
Quanto à situação dos(as) terceirizados(as), a política de capitão do mato das “gatas” em Urucu, com conivência dos gerentes e supervisores da Petrobras, tem causado diversos casos de subnotificação. Os(as) companheiros, sob pressão pela produção a qualquer custo, tem demorado para relatar os sintomas, em especial durante sua jornada de trabalho. Isso faz com que continuem circulando no período de transmissão e agravando o quadro na unidade. É preciso interromper estas práticas de assédio moral já!
A situação negocial está chegando no limite. Reconhecemos que as reuniões semanais com a direção da UN-AM colaboraram para estabelecer protocolos e medidas que auxiliaram na contenção da primeira onda e um quadro de estabilidade de casos até o fim de 2020. Porém, a falta de medidas rígidas quando o quadro regional da pandemia se agravou novamente (segunda onda) fez com que a situação retornasse para a calamidade novamente – com potencial ainda pior, vista a maior transmissibilidade da variante atual do coronavírus.
Convocamos a categoria a atentar para as medidas de prevenção individuais, seguir denunciando as situações irregulares vivenciadas no pré-embarque e na unidade, e reforçar as mobilizações no embarque no aeroporto para juntos decidirmos os próximos passos desta luta em defesa da saúde e da vida dos(as) petroleiros(as).