“O mundo todo está preocupado com a situação da calamidade da Covid-19 no Amazonas, menos a direção da Petrobras”. Este foi o recado dos representantes do sindicato perante a coordenação da Estrutura Organizacional de Resposta (EOR) na reunião – online – semanal de ontem (28/01).
Segundo o infectologista Marcus Lacerda, da Fiocruz-AM, a capital amazonense viveu, com o surgimento da nova cepa e sua rápida expansão, uma “segunda primeira onda”, que levou ao colapso o sistema de saúde local (jornal O Globo). Como resultado deste quadro, somente em janeiro perdemos três companheiros da ativa na base do Sindipetro PA/AM/MA/AP. Também são diversos os casos de internação em UTI, com trabalhadores removidos para outros estados.
Para a direção da Petrobras UN-AM, no entanto, isso não é motivo para diminuir o total de embarcados em Urucu. Em 27 de janeiro, eram mantidos 594 trabalhadores(as) na unidade. Na terça-feira (26), o estado registrou o recorde na média móvel de mortes em toda a pandemia – 139. O número leva em conta a comparação dos últimos sete dias, em relação ao mesmo período da semana anterior. No recorde da primeira onda (15 de maio de 2020), o mesmo indicador era de 65 e, naquele mesmo dia, eram exatamente 400 pessoas o contingente total na Província Petrolífera. Naquele momento a produção para atender as necessidades da sociedade não foi prejudicada – como comprovam os relatórios da própria Petrobras.
Preocupa ainda o número de desembarques por sintomas de Covid. Foram em média 14 nas duas últimas semanas, muito acima da média dos meses anteriores, quando o quadro de infecção vinha com números mais controlados em Urucu. A EOR tem omitido, nas últimas reuniões, quanto desses casos têm apresentado teste positivo. Do mesmo modo, temos recebido denúncias da autorização de embarque, no aeroporto, de trabalhadores com IgM e IgG positivos simultaneamente, contrariando o bom senso e as melhores práticas de prevenção à Covid-19. Desde o início da pandemia, o Sindipetro já conhecimento de cerca de 110 casos positivos entre empregados próprios e terceirizados, sem que a direção da empresa confirme ao sindicato e à categoria.
Perante este quadro de negligência, a categoria exige:
- Redução imediata de 200 trabalhadores(as) embarcados(as) com a paralisação de serviços de Sonda e Montagem Industrial (caldeiraria, instrumentação, elétrica e civil de poços novos ou projetos novos ou mudanças via SEP) sob responsabilidade da DPCM. Estas atividades não causam nenhum impacto na continuidade operacional da UN-AM. Se tratam de novos projetos, mudanças operacionais e montagens/desmontagens de poços sob intervenção de sonda, limpeza e substituição de coluna, sonda de manutenção, a nova Ponte da Onça e a Estrada.
- Substituição das máscaras utilizadas atualmente por padrão antiviral: N-95 ou PFF2
- Orientação ao trabalhador(a) bloqueado(a) no aeroporto, com encaminhamento para realização de teste sorológico para verificar se realmente está com Covid-19
- Fim do compartilhamento de alojamentos, banheiros e mesas em refeitórios, redução da lotação nos voos e transportes
- Garantia da continuidade do pagamento dos contratados que sejam desmobilizados temporariamente por conta da redução do efetivo durante a pandemia
- Fim dos calotes e irregularidades cometidas pelas empresas terceirizadas (gatas) em Urucu
- Testes no desembarque para todos(as), de modo a garantir que suas famílias não sejam infectadas pelo coronavírus trazido do ambiente de trabalho
Precisamos seguir as mobilizações no embarque no aeroporto e, se não houver avanço nas negociações e medidas, organizar ações mais fortes de pressão para garantir a saúde e a vida da categoria.
VIDAS PETROLEIRAS IMPORTAM!