O quadro de desespero vivido pela população em Manaus (AM) neste início de 2021 com a chamada “segunda onda” da Covid-19 tem responsáveis: os governos burgueses, tanto o federal (Bolsonaro/Mourão) quanto o do governador bolsonarista Wilson Lima, além da prefeitura (em transição de governo). Dentro da Petrobras, no entanto, a culpa recai sobre as gerências das chamadas “Unidades de Negócio” (UNs) – como a do Amazonas, que são comparsas de uma política que negligencia medidas urgentes de proteção à saúde e à vida da categoria petroleira.
Somente na última semana, dois companheiros da base do Sindipetro PA/AM/MA/AP residente em Manaus faleceram vitimados pela Covid-19. Um deles trabalhava na usina termelétrica Jaraqui e o outro era técnico de Manutenção em Urucu. Além disso, temos diversos companheiros internados em UTIs, com alguns deles transferidos para outros estados por via aérea após pressão dos representantes dos trabalhadores em reuniões com a direção das termelétricas e a EOR da Petrobras. O assunto também foi pautado na reunião nacional da FNP com o RH da companhia em 15 de janeiro, que trataria sobre transferência de empregados(as).
Cobranças
A direção do Sindicato, em fóruns semanais com a Estrutura Organizacional de Resposta (EOR), vinha alertando desde as reuniões do fim de 2020 sobre o aumento de casos que poderíamos vivenciar dentro das instalações da Petrobras, acompanhando a explosão dos números de testes positivos, internações e enterros na capital amazonense – relatados em textos e gráficos pela imprensa local. Na reunião de 14 de janeiro, poucas horas antes da perda do companheiro de Urucu, a direção da UN-AM admitiu que não havia sequer previsão de leitos de UTI em Manaus ou plano de remoção aérea! Ou seja, ademais dos petroleiros internados nos hospitais credenciados à AMS na cidade contribuírem para lotarem ainda mais a rede de atendimento (que já vinha com números crescentes há semanas), não havia qualquer plano B à mão para quando esses leitos se esgotassem.
Em todas as reuniões, o Sindipetro tem cobrado a redução do número de embarcados de Urucu e de trabalhadores em atividade presencial no Porto Encontro das Águas (PEA) para o mínimo estritamente necessário para a garantia das atividades essenciais, assegurando o salário dos contratados que estiverem fora de serviço presencial. No auge da primeira onda da pandemia, em 15 maio de 2020, chegamos a exatos 400 em Urucu. Agora, quando os números de internações e mortes pela doença – e a barbárie da falta de oxigênio – são ainda mais altos que então, o contingente embarcado estava mais de 50% acima daquele patamar (cerca de 650).
Além disso, alertamos sobre falhas de procedimentos de prevenção à Covid em diversas áreas, como o retorno de aglomerações no refeitório em Urucu e os transportes com lotação acima do permitido no PEA. É preciso retornar já com todas as medidas restritivas para o distanciamento social nos ambientes coletivos (avião, ônibus, alojamentos, banheiros, etc).
Outra situação preocupante é a subnotificação dos sintomas por parte de empregados terceirizados, os quais tem sofrido retaliações de suas empresas ao relatar suspeita de infecção pela doença.
Quanto à testagem, o Sindicato também tem cobrado da direção da UN-AM, sem sucesso, a garantia da sua realização quando do desembarque, para evitar que o(a) trabalhador(a) possa levar a doença para sua família. É necessário, também, que todos os(as) petroleiros(as), mesmo os que já tiveram Covid, voltem a passar pelo isolamento em hotel e realizem os testes RT-PCR e rápido antes do embarque.
Por fim, o Sindipetro tem denunciado e cobrado junto ao RH diversos desmandos cometidos nas folhas de pagamento da categoria, tanto em Urucu quanto dos que estão saindo pelo PDV. Já são semanas sem respostas satisfatórias, o que obrigará a entidade ao ingresso de ações judiciais cobrando o ressarcimento de valores devidos e indenizações pelos transtornos causados. Afinal de contas, mais do que nunca está provada a importância estratégica da categoria petroleira e da Petrobras estatal em situações de crise como a que vivemos. Nada mais justo, portanto, de que seja pago o que é de direito pelo trabalho realizado.
Fora Bolsonaro/Mourão/Pazuelo/Guedes e todos os genocidas!
Para além das cobranças diretas da direção do Sindicato em relação à direção da UN-AM e das termelétricas, é preciso que a categoria reaja com mobilização contra este quadro de descalabro que estamos vivendo. Unidos e organizados, precisamos forçar as gerências a cumprirem com todas as medidas necessárias para nossa proteção. E, junto com toda a classe trabalhadora, lutar para colocar para fora o genocida Bolsonaro, com sua caravana da morte Mourão-Pazuelo-Guedes e toda sua base de apoio!