No quarto e último artigo da série “Petrobras em Liquidação”, o Sindipetro PA/AM/MA/AP denuncia que, com uma possível venda, aumentaria a exploração dos/as petroleiros/as
Aumento nos preços do gás de cozinha e da gasolina na região Norte e Nordeste, prejuízos econômicos e aumento generalizado dos preços são algumas das principais consequências de uma eventual privatização da Província de Urucu (AM). E, junto de tudo isso, a categoria petroleira seria extremamente prejudicada, com a precarização das suas condições de trabalho. É o que aponta, por fim, o estudo “Petrobras em liquidação: a venda do Polo Urucu no Amazonas e as consequências para os trabalhadores”, realizado pelo Instituto Latino-americano de Estudos Socioeconômicos (Ilaese).
A performance positiva da Petrobras contrasta com o quadro de trabalhadores em atividade. Enquanto o desempenho da empresa melhora significativamente desde 2016, o efetivo de petroleiros sofre uma redução constante – tanto de trabalhadores diretos quanto de terceirizados. Com isso, na média, o lucro bruto produzido por trabalhador só cresce. Em 2013, por exemplo, a média era de R$ 1,131 milhão por petroleiro/a; já em 2019, essa média chegou a R$ 2,658 milhões por trabalhador. Temos aí um incremento de 134% na produtividade.
O aumento na exploração, contudo, não se reflete em benefícios aos empregados e suas famílias. Não há aumento salarial, a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) cada vez mais é diminuída, benefícios são cortados. A empresa acumula lucro, mas os trabalhadores, que são a alma da empresa, ficam de fora.
Quando olhamos apenas para os terceirizados, também vemos uma redução no quadro. De 360 mil trabalhadores em 2013, o número caiu para 109 mil em 2019. Uma queda vertiginosa que não está relacionada a uma política contrária à terceirização. É o oposto! A terceirização foi uma forma de demitir entre 2014 e 2015 com a queda do preço do petróleo. Também é um mecanismo de rotatividade do trabalho, a famosa flexibilização.
Por fim, a terceirização é, ao mesmo tempo, um meio e um fim. É, por um lado, uma forma de garantir a privatização da Petrobras – já que trabalhadores sem estabilidade ficam mais vulneráveis aos desmandos da empresa. Mas também é o resultado de uma gestão voltada para o mercado, uma vez que, com a terceirização, se abre a porteira para a flexibilização das leis trabalhistas, reduções de salário e demissões.
Do início ao fim, a escandalosa tentativa de privatização de Urucu – e de outras unidades – é um festival de prejuízos: à população de baixa renda, à classe média, ao setor produtivo e, no meio de tudo isso, aos trabalhadores, que estão no dia a dia da companhia. Ser contra a privatização é ser a favor de preços mais acessíveis, de uma economia mais dinâmica e de condições dignas de vida aos petroleiros/as e seus familiares.
Vamos seguir afirmando à sociedade: Urucu é do Brasil: Petrobrás fica na Amazônia!