O Sindipetro PA/AM/MA/AP inicia hoje uma série de quatro artigos sobre o estudo “Petrobras em liquidação”, que demonstra os prejuízos causados pela venda do Urucu
Com mais de 30 anos de exploração petrolífera na Amazônia, a Província do Urucu (AM) está à venda: essa é a intenção do governo de Jair Bolsonaro e da gestão de Castelo Branco, que anunciam a oferta da companhia a grupos nacionais e estrangeiros. Os impactos deste plano de Bolsonaro, contudo, seriam enormes para a economia e para a população brasileira. Diante disso, o Instituto Latino-americano de Estudos Socioeconômicos (Ilaese) elaborou um estudo que mostra, por A mais B, como o Brasil sairia perdendo caso o plano vingasse. E, a partir de agora, o Sindipetro PA/AM/MA/AP publica o primeiro de quatro textos que vão esmiuçar o estudo à categoria.
Sob o título Petrobras em liquidação: a venda do polo de Urucu no Amazonas e as consequências para os trabalhadores, a análise do Ilaese relembra que não estamos falando de um patrimônio irrelevante. Trata-se da maior reserva provada terrestre de petróleo e gás natural do país. Situado na bacia do rio Solimões, o sistema é composto por quatro unidades de processamento de gás natural, estações de tratamento e compressão, tanques de petróleo e esferas de GLP. Importante destacar: tanto as reservas naturais de petróleo e gás quanto a planta industrial estão incluídos no pacote da privatização.
Mas é fundamental que se visualize o tamanho do assalto aos cofres nacionais que está em curso. A estrutura da Petrobras no Urucu possui centro médico, aeroporto e bases de apoio logístico, além de sete campos: Araracanga, Arara Azul, Carapanaúba, Cupiúba, Leste do Urucu, Rio Urucu e Sudoeste Urucu. No total, esses campos produzem, em média, 16,5 mil barris/dia de óleo condensado e 14,2 milhões de m³/dia. Essa produção é aproveitada no refino de gasolina, nafta petroquímica, óleo diesel e GLP.
Além da geração de emprego para a economia local, a produção do Urucu vai longe. O gás natural, por exemplo, abastece usinas termelétricas e clientes da Cigás, que faz a distribuição do produto no estado do Amazonas. E mais: o petróleo e o gás de Urucu são suficientes para abastecer boa parte da região amazônica. O gás de cozinha abastece toda a região Norte e parte da região Nordeste. O polo amazonense está entre os quatro maiores dentre os 14 que existem no país.
Esses dados demonstram a dimensão do Urucu e sua importância para as regiões Norte e Nordeste. Mas esses dados mostram mais. É que, dada a magnitude da produção, não é aceitável que esses recursos sejam geridos por empresas que visam, antes de tudo, seus lucros. As reservas naturais, o patrimônio industrial da Petrobras e a política de preços são determinantes para a produção industrial nacional. A alteração dos preços na matriz energética, que poderá ficar nas mãos da iniciativa privada, geraria uma reação em cadeia em vários setores industriais.
Não custa lembrar que o Polo Industrial de Manaus, cuja produção é distribuída para todo o Brasil, poderá ser impactado diretamente por alterações dessa magnitude.
Por isso, repetimos: Urucu é do Brasil – Petrobras fica na Amazônia!