NO TEMPO DA DITADURA

Não é incomum encontrar alguém, nas redes sociais, dizendo que no tempo da ditadura militar as coisas eram melhores. E não deixa de ser verdade, mas apenas para políticos que concordavam com o regime, empresários que negociavam com o governo e capatazes que executavam seus crimes. A maior parte da população teve de conviver com a pobreza, sustentada pela censura e violência. Se alguém lhe disser que no tempo da ditadura tudo era bom, é importante perguntar: de que lado tu estavas?

Governantes eram chamados de prefeitos e governadores biônicos: nas capitais e para os governos estaduais não havia eleições. A população sequer participava do debate, os nomes dos gestores eram apenas anunciados pela ditadura, que fazia a seleção conforme interesses próprios. Os partidos políticos foram fechados, restando apenas dois: a Arena, que era o partido dos ditadores, e o MDB, uma oposição de “faz de conta”. A ditadura governava o Brasil sem se importar com o que os trabalhadores e trabalhadoras precisavam.

Mas havia gente – e muita – que contestou desmandos do regime. E a resposta veio com morte, desaparecimento e tortura. A ditadura, em todo o Brasil, assassinou, como foi o caso do jornalista Vladimir Herzog (SP) e do estudante paraense Edson Luís. Os próprios ditadores se gabavam de seus métodos de tortura. E os desaparecimentos até hoje marcam violentamente centenas de famílias, que não tiveram sequer como enterrar seus filhos e filhas.

Se alguém disser que no tempo da ditadura é que era bom, pode até ser verdade, se você fosse um pecuarista, empreiteiro ou madeireiro do centro-sul do país. Com os grandes projetos, esses empresários tiveram acesso a crédito e terras na Amazônia. Os trabalhadores locais mais uma vez ocuparam os cargos mais baixos. Com a abertura das rodovias e a instalação da usina de Tucuruí, a pobreza foi agravada, levando a mazelas como a pistolagem. Há, ainda hoje, o dedo da ditadura nos conflitos agrários do sul do Pará.

Ditaduras são assim: um pequeno grupo, de políticos e empresários, que usa da violência para se manter no poder. Quando alguém diz que no tempo da ditadura é que era bom, é importante contestar: não era! A democracia tem seus problemas, que devem ser combatidos pela classe trabalhadora, mas nada se compara à morte e desaparecimentos institucionalizados. Em 64, quando do golpe, este sindicato lutou contra a implantação da ditadura, sendo que um dos seus diretores, Sá Pereira, foi preso por isso. E 56 anos depois, nossa posição é a mesma: pelas liberdades democráticas e pela classe trabalhadora do Brasil!

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