O presidente Jair Bolsonaro dá mais um passo rumo a um regime de repressão aos trabalhadores e à juventude: comentando os protestos que se alastram por outros países da América Latina, o presidente indicou o possível uso das Forças Armadas para conter manifestações que possam ocorrer no Brasil. Um caminho que, sabemos, resultará em mais repressão contra qualquer oposição.
“Conversei com o ministro da Defesa sobre a possibilidade de ter movimentos como tivemos no passado, parecidos com o que está acontecendo no Chile. A gente se prepara para usar o artigo 142 [da Constituição], que é pela manutenção da lei e da ordem, caso elas [Forças Armadas] venham a ser convocadas por um dos três Poderes”, declarou Bolsonaro, quando esteve em viagem pelo Japão.
A declaração tem muitos significados. O primeiro é a indicação de que o governo sabe da insatisfação da população brasileira. A política econômica elitista, os escândalos de corrupção que circundam seus correligionários e filhos, além do caso Marielle, para qual não deu as devidas explicações, são claros indícios de que o presidente não cumpriu o que prometeu. Agora, se prepara para reprimir quem ousar a criticar os erros de seu governo. Nada mais autoritário!
Um possível uso das Forças Armadas também é a prova maior de seu projeto para o país. Durante toda sua carreira parlamentar, se notabilizou pelo discurso violento; no governo, ameaça com uso dos militares contra quem venha a questioná-lo.
O mandatário aponta o dedo para outros presidentes latino-americanos, chamando-os de ditadores, mas ele é quem age como tal: alega que todos estão contra seu governo, cria fantasiosos inimigos externos e, desta vez, vê a própria população como inimiga. As demandas desta, como emprego, saúde e educação, não são objeto de preocupação. Ao invés disso, aponta arma para tentar fugir do óbvio: Bolsonaro não tem condições de dirigir o Brasil!