Que a Reforma da Previdência era um atentado à previdência social, já sabíamos. Mas agora vem à tona indícios de falsificação ou, no mínimo, incompetência nos cálculos oficiais do Ministério da Economia sobre a reforma. Essa foi a conclusão de auditoria realizada pelo Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (Cecon), da Universidade de Campinas (Unicamp). Incompetência ou má fé – ambas são inaceitáveis em qualquer governo sério!
Por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), o Cecon/Unicamp teve acesso às planilhas do governo federal, que revelam manipulação de dados desrespeitando a lei e, ainda, inflando o custo fiscal das aposentadorias de modo a justificar a reforma. E mais: exagerando na economia fiscal e impacto positivo sobre uma suposta redução da desigualdade com a Nova Previdência.
O governo alega calcular as Aposentadorias por Tempo de Contribuição (ATC), mas contabiliza, na verdade, a Aposentadoria por Idade Mínima (AI). Assim, inventa um déficit. Mas não para por aí: ao calcular as AI no lugar das ATC, o faz segundo um virtual pico do
salário estimado para 2034, ao invés de usar a média dos salários, novamente inflando o custo das aposentadorias. A manipulação de dados segue.
Segundo a auditoria Cecin/Unicamp, no que se refere ao salário mínimo, o ministério troca a simulação da ATC pela I, subestimando o valor atual para trabalhadores pobres já que hoje não é preciso esperar idade mínima. Assim, o governo federal diminui a projeção do subsídio para o trabalhador pobre porque simula contribuições de 20 anos e não na condição de 15 anos: diminui o subsídio e joga famílias na pobreza.
O estudo é mais um motivo, não apenas para criticar a criminosa reforma proposta, mas também para estarmos atentos a cada passo do governo Bolsonaro. As lambanças do presidente são incompatíveis com o cargo, mas também distraem para a passagem de seu
trator, que retira direitos sem o menor debate com a sociedade, manipulando e mentindo para a população.