Está em curso a negociação entre petroleiros e a gerência de Gestão de Pessoas da Petrobras para o novo ACT. A discussão iniciou impondo aumento do custo da AMS à categoria petroleira, entre outras pautas da mesa.
Segundo a Petrobras, o débito total da AMS equivale a quase R$ 120 milhões pelas contas da empresa. Intransigente no acordo com federações e direções sindicais, os descontos foram definidos em oito parcelas, subtraídas do salário da categoria.
Para consolidar a negociação, a empresa exigiu que as entidades retirassem ações judiciais que suspenderam descontos. Os sindicatos, por outro lado, solicitaram que a companhia apresente o custo da AMS com acidentes e doenças ocupacionais indevidamente alocadas no plano. Além disso, os dados de desconto e de arrecadação devem ser submetidos a uma auditoria externa.
Em seguida, a empresa insiste na tentativa de aplicação da resolução 023/2018, do Ministério do Planejamento, que muda as regras de financiamento do plano na relação de 70×30 para 50×50. “Não vamos permitir. Até porque nos últimos dois anos a Petrobras contribuiu na AMS com mais 11% enquanto nós [petroleiros] pagamos mais 25%”, aponta Agnelson.
Outro tópico são as tabelas de turno. A proposta sindical é de suspensão da discussão da tabela e prioridade para o debate do novo ACT. A Petrobras informou que avaliará a proposta. No caso da Transpetro, a empresa foi categórica ao afirmar que não há discussão a respeito das tabelas.
Em áudios, gerente geral ataca a categoria
Na última semana, circularam áudios do gerente geral do Compartilhado, Jairo Santos, falando dos absurdos que serão implementados na Petrobras. No novo programa, o petroleiro é obrigado a trabalhar mesmo que esteja com problemas de saúde, como ortopédicos ou odontológicos.
“Tem colega que vive apresentando atestado, que se sabe que o cara arma, com o famoso atestado ‘bombril’. E você fica com cara de… Caramba! Se sentindo injustiçado porque chega no final do ano que aquele cara que é o armador, que vive faltando, que pega a PLR de você!”, solta o gerente, em um dos trechos.
A frase se refere aos novos critérios do PRVE, programa que a Petrobras quer impor e substituir a PLR. Assim, atestados médicos seriam desculpas para a redução da remuneração do trabalhador busca dividir a categoria como forma de retirar direitos.
Os ataques proferidos pelo gerente foram denunciados pelos petroleiros durante as negociações. “A gente sabe, através do Jairo, que a empresa vai praticamente obrigar o trabalhador a trabalhar se estiver doente pra não ter seu salário subtraído”, afirma Agnelson. Os áudios foram expostos aos representantes da Petrobras nas mesas.