O governo Bolsonaro mostrou suas garras: no dia 25/2, o gerente executivo de gestão de pessoas (antigo RH), Cláudio Costa, anunciou o fechamento da sede administrativa da Petrobras em São Paulo, o Edisp. E o pior: que os trabalhadores/as não teriam garantia de emprego!
Durante o atrapalhado anúncio, sem nenhuma conversa prévia ou negociação, vazaram alguns trechos das falas do gerente, que demonstram uma política de ataque aos empregados em todo o país.
“Outras áreas serão desinvestidas e serão, sim, privatizadas”, disse. “Algumas nem privatizadas serão, serão fechadas. Porque não tem nem interesse nem mercado em fazer a aquisição daquele ativo. Então, quando não tiver interesse de mercado, será fechada, com decisão empresarial”, completou.
“Talvez muitos de vocês não permaneçam na companhia nos próximos ciclos das suas vidas pessoais e profissionais.”
Dentre os principais pontos anunciados, está o Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV). Cláudio Costa ainda informou que, com a venda das refinarias, haveria necessidade de redução do quadro. Segundo ele, ficariam em São Paulo apenas os empregados necessários ao negócio e que nem todos permaneceriam na empresa.
“Dá pra absorver todo mundo? Não, não dá. Algumas pessoas não ficarão na companhia!”
No dia seguinte, quando os representantes dos sindicatos da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) chegaram ao Edifício Sede (Edise) no Rio de Janeiro (RJ) para as reuniões regulares de acompanhamento do ACT, o clima era de comoção entre os trabalhadores – não só do Edisp, mas de outras unidades da Petrobras.
A decisão dos sindicalistas foi por cancelar as reuniões e permanecer na sala até que Cláudio Costa fizesse esclarecimentos sobre o questão. Às 17h, depois de muito relutar, a Petrobras informou que o gerente se explicaria.
Para os sindicatos, porém, o executivo negou as declarações vazadas. Há uma nova reunião marcada para depois do Carnaval e o Sindipetro exige que o gerente assine em ata que não haverá demissões.
Além de tudo, o anúncio foi feito na surdina: enquanto os representantes do Sindipetro-SP iam ao Rio de Janeiro para uma reunião, o gerente executivo aproveitou para disseminar o medo entre os empregados de São Paulo, causando temor em todo o Brasil.
Presidente tenta acalmar os trabalhadores
O atrapalhado Cláudio Costa repercutiu na imprensa. A revista Época disse que o anúncio ocorreu em “uma reunião tensa e a portas fechadas” e, ainda, que “participantes deixavam aos prantos a sala antes do término da reunião”. Com a repercussão, a Petrobras tentou voltar atrás, alegando que não haverá “demissões em massa”.
No fim da noite, o presidente da empresa, Roberto Castello Branco, procurou apagar o incêndio, afirmando que “nós não temos a intenção a priori de demitir ninguém”. E que estaria apenas em estudo um PIDV.