Desde a última sexta-feira, 25, o país assiste ao horror de mais um rompimento de barragem, desta vez da mina Córrego do Feijão, município de Brumadinho (MG). Os rejeitos da mineração de ferro soterraram trabalhadores e uma vasta área residencial, destruindo casas e plantações. Até o momento, são 99 mortos e 257 desaparecidos. Mas uma pergunta deve ser respondida: quem é o responsável?
A Vale explora a mina e responde pela gestão da lama advinda da atividade. O caso de Brumadinho não é pontual. A empresa do setor de mineração atua em vários estados. No Pará, a mineradora exporta 230 milhões de toneladas de ferro ao ano: bilhões de dólares a seus acionistas.
Apesar dos lucros, a Vale segue destruindo vidas e o meio ambiente. Há 3 anos, a barragem da empresa Samarco, pertencente à Vale e à BHP Billiton, em Mariana, estourou: 19 mortos e destruição em Minas e Espírito Santo. Mesmo assim, a empresa não foi punida. Ao tomar posse como diretor-presidente, Fabio Schvartsman prometeu que o lema da empresa seria “Mariana nunca mais”. Mas a história se repetiu.
No modelo de exploração predatório, meio ambiente, segurança dos trabalhadores e saúde da sociedade no entorno são são preocupações da Vale. Não houve acidente, mas sim crime!
Essa atuação só é possível porque há conivência dos governos estaduais e federal. Não apenas os executivos da empresa devem ser julgados, mas também os governantes que permitiram suas atrocidades. E mais: está na conta a privatização da Vale durante o governo FHC, em 1997, o que só ampliou impactos socioambientais.
Neste momento de aflição, a Central Sindical e Popular CSP-Conlutas se solidariza com os atingidos por esse crime e se coloca à disposição para ajudá-los. Também estaremos ao lado dos movimentos sociais para, juntos, darmos uma resposta à Vale!
Governo precisa garantir a segurança de barragens
Em todo o Brasil, há 45 barragens com falhas estruturais, segundo relatório da Agência Nacional de Águas, divulgado no fim de 2018. A situação coloca em risco as vidas de cerca de 3,5 milhões de pessoas.
No estado do Pará, há 91 barragens, sendo que 64 delas estão incluídas na Política Nacional de Segurança de Barragens e outras 27 estão fora desse plano. Deste total, 18 estruturas são classificadas como de alto risco – seu rompimento poderia causar mortes e impactos socioambientais.
É importante relembrar: há um ano, a barragem de rejeitos da Hydro/Alunorte, cujo capital é composto pela Vale, vazou no município de Barcarena, causando impactos socioambientais em diversas comunidades.
Precisamos uma ação rápida e enérgica. Medidas para monitoramento dessas barragens e proteção da população têm de ser prioridade.