Um auxiliar de inspeção, de 41 anos, sofreu um mal súbito na Província de Urucu, no último dia 15, e foi transferido para Manaus (AM). Contratado da empresa Potencial, que presta serviços à Petrobras, ele foi internado no Hospital Rio Negro, da HapVida, onde foi diagnosticado com uma artéria obstruída. Depois de passar por um procedimento cirúrgico complexo, ele sobreviveu. Mas, o que deveria ser um atendimento bem sucedido, se tornou num vendaval de descaso e iminente risco de morte graças ao tratamento dado pela Petrobras e pela Potencial.
Depois de sentir um aperto na região do tórax e com uma pressão arterial que chegou a 30 por 16, o trabalhador, que terá sua identidade preservada, foi estabilizado pelo médico ainda no Urucu. Transportado de avião a Manaus, ele teve dificuldades até para sua internação, já que o hospital exigia seu RG, que havia ficado no avião. A Potencial se recusou a buscar o documento e só depois de uma negociação seu atendimento prosseguiu. Depois de 6 horas de cirurgia, ele sobreviveu e passou para a UTI.
Logo no primeiro boletim, o médico informou que o auxiliar precisaria de uma nova operação para a troca da prótese de artéria e variados exames, visto que um dos rins demonstrava traços de paralisação. Isso porque o implante da prótese definitiva demandaria que todos os órgãos do paciente estivessem em bom funcionamento, o que não ocorreu no primiero atendimento. Essa cirurgia pode ser programada, segundo os médicos.
No segundo dia de internação na UTI, porém, a pressão arterial do paciente voltou a subir. Ainda na cirurgia, os médicos haviam detectado um segundo problema: um aneurisma de grande magnitude em sua artéria aorta, o que exigiria exames que o hospital Rio Negro não realizava. Começou um impasse: ele tinha de ir a outro estabelecimento para fazer os exames, mas havia o temor de que contraísse uma bactéria – os médicos entraram em discordância.
Petrobras e Potencial negligenciaram a situação
Pressionada, a Petrobras enviou uma assistente social, que constatou o problema. Um médico da empresa também avaliou o quadro, mas não deu satisfação alguma à família. Diretores do Sindipetro também não tiveram acesso ao relatório.
No hospital, estabilizada a pressão arterial, houve a possibilidade de que o empregado fosse da UTI para a enfermaria, causando o desespero de familiares. Diretores sindicais no hospital ponderaram se a decisão não colocaria em risco a vida do trabalhador. Ainda assim, ele foi transferido e, em 2 dias, os médicos anunciaram sua alta. A conduta levou a um questionamento: a pressa em dar alta estava de acordo com o quadro do paciente ou era uma forma de o plano e/ou a Potencial economizar recursos?